O nosso pequenino coração acerta o ritmo pelo coração dela. Estamos totalmente reclusos mas ao mesmo tempo protegidos em tão sedutora abóbada. E eis então que nascemos… e a voz da nossa mãe será o primeiro som e o seu cheiro será o primeiro aroma e o nosso primeiro alimento será a primeira pulsão erotizada do nosso pequenino corpo.
A tesoura cortará o cordão umbilical? Pura ficção, porque andaremos sempre amarrados a ela, ao seu colo ou com ela às costas. Amamo-la, odiamo-la, mas quando a perdemos de vista seremos capazes de virar o mundo às avessas para encontrarmos de novo o seu olhar. O seu calor. A toada da sua voz…
E mesmo depois da partida definitiva ela viajará na nossa corrente sanguínea e continuará a ser o nosso alimento…a nossa bússola…
Por que as mães são flautas que deixam notas de música nas paredes da casa…”
Teresa Alvarez
Durante hora e meia, a escritora Teresa Alvarez vai discorrer sobre a importância da figura materna e de que forma se transpôs para a arte o vínculo quase transcendental que temos com quem nos gerou, nutriu, e expulsou para o mundo. Na literatura, Teresa Alvarez vai abordar as diferentes perspectivas marcadas em cada corrente: a mãe confidente e guardiã do cancioneiro trovadoresco, a mãe mulher anjo e tentadora do renascimento, a mãe confidente, submissa e amiga do romantismo, e a mãe, mulher com desejos e pulsões, do realismo. A mãe na pintura, na arte sacra, no grande ecrã… A mãe, em todo o seu âmago, semente e vida, que planta e rega, ou que colhe sem piedade.
Uma elegia à mãe a não perder, dia 10 de julho, no café Tati!
Teresa Alvarez
“Nasci em lisboa mas o meu país é o mundo.Sou mãe , professora e escrevo livros.
O meu maior devaneio são as palavras… Com elas construo paredes, aquedutos ,contrario teses e invento antíteses.
O meu traço distintivo será sempre esta mania peculiar de andar pelas ruas e colecionar frases e olhares e depois fazer com eles mantas de retalhos com que me agasalho e encho as páginas dos meus livros…
Como as pessoas são muito curiosas e gostam muito de saber o que andamos a fazer, posso afirmar que estou sempre em trânsito para todos os pensamentos, para todos os amigos, para todas as palavras…
E até que os deuses consintam continuo sendo mãe , professora , escritora e avó…
Quando morrer, se não levarem a mal em vez de flores quero poemas.”
Livros da autora
“E se de repente outra voz “, romance, editado pela CAMINHO“E a mulher sentou-se tal como foi determinado e após ela outras chegaram, mães anónimas de lábios vazios, perdidos que tinham todos os alfabetos. À sua direita uma mulher franzina dizia baixinho por entre os lábios como se apenas falasse consigo mesma…”
“Do tempo e Do silêncio“, poesia, editado pela CAMINHO
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